Existem vários ritmos que fazem parte da cultura gaúcha, mas a maioria deles são variações de danças de salão centro-européias populares no século XIX. Esses ritmos, derivados da valsa, do xote, da polca e da mazurca, foram adaptados como vaneira, vaneirão, chamamé, milonga, rancheira, xote, polonaise e chimarrita, entre outras.
, em 1928, na então província de São Francisco de Assis. Inspirado no ronco dos bugios, macacos que habitam as matas do Rio Grande do Sul, o ritmo foi banido de lá por ser considerado obsceno, mas foi cultivado em São Francisco de Paula, onde até hoje é realizado o festival nativista "
".
em Uruguaiana, começaram a surgir festivais de música nativa, que incentivaram o surgimento de novos estilos, de músicos e compositores, naquilo que passou a ser chamado de "música nativista". A música nativista na verdade é formada por ritmos que já existiam, com destaque para a milonga e o chamamé, porém com canções mais elaboradas e com letras quase sempre dedicadas ao Rio Grande do Sul.
O dialeto gaúcho O dialeto gaúcho é um dialeto do português falado no Rio Grande do Sul. Fortemente influenciado pelo espanhol e pelo guarani, especialmente nas áreas próximas à fronteira com o Uruguai, e ainda com vários empréstimos do italiano, possui diferenças lexicais e semânticas muito numerosas em relação ao português padrão - o que causa, às vezes, dificuldade de compreensão do diálogo informal entre dois gaúchos por parte de pessoas de outras regiões brasileiras, muito embora eles se façam entender perfeitamente quando falam com brasileiros de outras regiões. Foi publicado um dicionário "gaúcho-brasileiro" pelo filólogo Batista Bossle, listando as expressões regionais e seus equivalentes na norma culta.
A fonologia é bastante próxima do espanhol platino, sendo algumas de suas características a não vocalização do "l" em "u" no final de sílabas, e a menor importância das vogais nasais, praticamente restrita à vogal "ã" e aos ditongos "ão" e "õe". Gramaticalmente, uma das características mais notáveis é o uso do pronome "tu" em vez de "você" (diferente do usado em São Paulo), mas com o verbo na terceira pessoa ("tu ama", "tu vende", "tu parte").
Palavras* ancinho = rastilho
* aprochegar = aproximar-se, chegar perto;
* atucanado = atrapalhado, cheio de problemas;
* baita = grande, crescido;
* bergamota = tangerina;
* borracho = bêbado;
* branquinho = beijinho (doce);
* brigadiano = policial militar
* cacetinho = pão francês;
* cancheiro = pessoa que tem experiência e/ou habilidade em alguma coisa
* carpim = meia de homem
* chapa = radiografia
* chapa = dentadura
* chavear = trancar com a chave;
* china = mulher de vida fácil;
* chinoca = mulher;
* colorado = torcedor do Internacional;
* corpinho = sutiã;
* cuecão = ceroula;
* cupincha = camarada, companheiro, amigo;
* cusco = cachorro, cão pequeno;
* entrevero = mistura, desordem, confusão de pessoas, animais ou objetos;
* fatiota = terno;
* folhinha = calendário;
* gaudério = gaúcho;
* guria = menina, moça;
* lomba = ladeira;
* melena = cabelo;
* negrinho = brigadeiro (doce);
* pandorga = papagaio, pipa;
* parelho = liso, homogêneo;
* patente = vaso sanitário;
* pebolim = totó, fla-flu;
* pechada = batida, trombada (entre automóveis)
* pedro e paulo = dupla de policiais militares;
* peleia = briga;
* piá/guri = menino;
* pila = palavra regional que dá nome a moeda nacional, no caso o Real (ex: 10 pila, 25 pila - usa-se sempre no singular);
* prenda = mulher do gaúcho;
* quebra-molas = lombada;
* sarjeta = meio-fio;
* sestear = dormir depois do almoço;
* sinaleira = semáforo;
* tchê = pessoa, "cara";
* terneiro = bezerro;
* trava = freio, breque;
* tri = muito (ex: trilegal, tribonita);
* veranear = passar o verão;
* vivente = criatura viva, pessoa, indivíduo;
Expressões* agüentar o tirão = topar a parada, sustentar uma opinião;
* andar pelas caronas = andar mal, estar em dificuldade;
* arrastar a asa = enamorar-se;
* botar os cachorros = falar mal de alguém;
* chorar as pitangas = lamuriar-se;
* dar com os burros n'água = dar-se mal, ser mal sucedido;
* deitar nas cordas = fazer corpo mole;
* de orelha em pé = atento, de sobreaviso;
* de rédeas no chão = entregue, submisso, apaixonado;
* de varde = de balde, em vão;
* de vereda = imediatamente, já;
* é tiro dado e bugio deitado = acertar de primeira; ter certeza do que faz;
* entregar as fichas = ceder, concordar;
* estar com o diabo no corpo = estar furioso, insuportável;
* frio de renguear cusco = frio tão intenso que pode deixar um cachorro mancando;
* índio velho = camarada;
* ir aos pés = fazer as necessidades no vaso sanitário;
* juntar os trapos = casar, viver junto;
* lamber a cria = mimar o filho;
* largar de mão = desistir, abandonar;
* matar cachorro a grito = estar sem dinheiro, estar na miséria, viver com dificuldade;
* meter a viola no saco = calar-se, desistir, acovardar-se;
* morar para fora = morar no campo (fazenda, sítio ou vila pequena)
* na ponta dos cascos = (estar) em posição excelente, pronto para atuar;
* no mato sem cachorro = em dificuldade, em apuros;
* olhar de cobra choca = olhar dissimulado;
* se aprochegar = chegar mais próximo, se acomodar;
* sentar o braço = surrar, espancar, esbofetetar, bater;
* terneiro guacho = tomador de leite;
* tomar uma camaçada de pau = apanhar;
* tomar uma tunda de laço = apanhar;
Interjeições* Bah! = Nossa! - é primariamente, uma interjeição de espanto, mas pode ter outros usos, como, por exemplo, mostrar hesitação ao iniciar uma frase.
* Capaz? = É mesmo?, Imagina! - indica espanto e dúvida ao mesmo tempo quanto ao que a pessoa acabou de ouvir.
* Que tri! = Que legal!
* Né = Não é? - gíria porto-alegrense utilizada todo o tempo ao final das frases durante uma conversa, né?
PrendaPrenda, no Rio Grande do Sul, é a mulher gaúcha, segundo o movimento tradicionalista gaúcho, e seu par é o peão.
A indumentária típica da prenda consiste em um vestido (ou saia e blusa), com ou sem casaquinho, cuja barra alcança o peito do pé. O modelo da saia varia de acordo com a idade e estrutura física da prenda. As mangas da blusa podem ser longas, três-quartos ou até o cotovelo, e podem ser lisas ou levemente franzidas, mas não bufantes. Geralmente a prenda não usa decote, mas, um leve decote, com ou sem gola, sem expor os ombros e o seio, é admitido. Os sapatos são geralmente pretos, brancos ou bege, com uma tira sobre o peito do pé abotoada do lado de fora, podendo ter salto cinco ou meio-salto.
Os cabelos devem estar semipresos, presos ou em tranças, enfeitados com flores discretas, que podem ser naturais ou artificiais. As mulheres mais jovens podem usar travessas simples ou com flores discretas e passadores nos cabelos. Em respeito à idade ou gosto pessoal, o uso de adereço no cabelo é opcional.
A maquiagem deve ser discreta e de acordo com a idade e a ocasião social.
A prenda jamais usa brincos de plástico coloridos, relógio, pulseiras, luvas ou colares.
O vestido de prendaO
vestido de prenda é um traje típico brasileiro, mais especificamente, a indumentária gauchesca feminina.
Pode ser um vestido inteiro para todas as prendas, ou saia e blusa, com ou sem casaquinho, para as prendas adultas e senhoras. A saia pode ser godê, meio-godê, em panos, em babados ou evasê; pode apresentar cortes na cintura, cadeirão ou corte-princesa, dependendo da idade e estrutura física da prenda, e com o comprimento da saia alcançando o peito do pé.
Os tecidos para a execução dos vestidos variam de acordo com as estações climáticas, podendo ser lisos ou com estampas florais miúdas, xadrezinho, com riscas discretas, de bolinhas etc. Não são permitidos tecidos transparentes sem forro e nem brilhantes, como lamê ou lurex. Não é aconselhável o uso do preto, que remete ao luto, e a cor branca é reservada para o uso das noivas e debutantes. Não devem ser usadas também combinações com as cores da bandeira do Rio Grande do Sul.
O vestido da prenda geralmente não é decotado; porém, é admitido um leve decote, com ou sem gola, sem expor os ombros e o seio. Pode apresentar enfeites com renda, aplicações, bordados, fitas, gregas, babadinhos, plissês, botõezinhos forrados, nervuras ou favos. As mangas podem ser compridas, três-quartos ou até o cotovelo; podem ser lisas ou levemente franzidas (mas nunca não bufantes), com ou sem aplicação, mas sem muito exagero.
Modernamente, a gaúcha tem trocado o vestido de prenda pelo chiripá.
Os Centros de Tradições GaúchasOs Centros de Tradições Gaúchas (CTGs) são sociedades civis sem fins lucrativos, que buscam divulgar as tradições e o folclore da cultura gaúcha tal como foi codificada e registrada por folcloristas reconhecidos pelo movimento.
Visam a integração social dos seus participantes, os tradicionalistas, o resgate e preservação dos costumes dos gaúchos, através de danças, do churrasco e demais pratos típicos, e dos esportes.
O chimarrãoO
chimarrão ou mate é uma bebida característica da cultura do sul da América do Sul, um hábito legado pelas culturas quíchua, aymará e guarani. Ainda hoje é hábito fortemente arraigado no Brasil (Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul (principalmente), Mato Grosso do Sul e Mato Grosso (Pantanal) e Rondônia), parte da Bolívia e Chile e em todo o Paraguai, Uruguai e a Argentina.
É composto por uma cuia, uma bomba, erva-mate e água.
Embora a acepção mate seja castelhana, é utilizada popularmente também no Rio Grande do Sul paralelamente com o termo "chimarrão".
Chimarrão (cimarrón em espanhol) também designa o gado que foge para o mato e torna-se selvagem.